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Primeiras Impressões: Cartas para Jack


        Recebemos os primeiros capítulos do livro Cartas para Jack, do autor Igor Horbach, para primeira impressão, um livro LGBTQ+ Young adult. O enredo traz uma premissa interessante, somos apresentados a William, um universitário que teve sua vida virada de cabeça para baixo nos primeiros anos de faculdade, enquanto vivia uma linda paixão por Jack.

    William e Jack são o casal mais fofo do curso de Direito da federal. Contudo, a vida dos dois muda completamente quando William é diagnosticado com câncer no pulmão e posteriormente a doença se espalha por todo o corpo. O casal irá viver da melhor forma possível, aproveitando o tempo que lhes é dado. Nos últimos momentos de William, Jack sofre um grave acidente e ambos terão que ser fortes e decidirem se ficam ou se partem dessa vida. [SKOOB]

        A narrativa do livro é feita através da alternância entre cartas que Willian escreve para Jack, o que é, a primeira vista, excelente elemento estrutural,  além de um instrumento narrativo para vir a ser utilizado como detentor de plots twist ou algo como grandes passagens no tempo e o texto narrativo comum, suporte para descrever situações cotidianas e momentos da vida desses jovens. 

        A ilustração presente no início de cada capítulo com pequenas poesias, chama a atenção do leitor. Apresentando uma estética atraente, delicadamente mórbida e romântica.


        A leitura desses primeiros capítulos vem com uma proposta de ser cativante, uma narrativa jovem. Entretanto traz apreensão, medo de nos decepcionar. O enredo apresenta possibilidades, mas os personagens não tem profundidade e até a experiência de sofrimento é narrada de forma superficial. Claro que este enfoque pode ser superado no decorrer da trama com o aprofundamento da história, conectando os personagens ao leitor.

        Conhecemos vários personagens que compõe o dia a dia de Willian (seus pais, amigos e mesmo uma amostra dos avós) esta proposta foi um tanto arriscada, vejam só: É complexo trazer certa diversidade de personagens quando o livro está nas primeiras páginas, especialmente em se tratando de um drama Young Adult.  Por quê? Primeiramente (como a questão mais simples é sempre aquela relevante) não temos páginas o suficiente para qualquer delinear adequado, imagine então demonstrar como estas pessoas com suas personalidades e relacionamentos singulares reagem a Willian? A resposta acaba por ser: superficialmente. E agora, vez que não acontece a conexão, os leitores poderiam até mesmo ter dificuldade em distinguir pessoas e se situar.

        Segundo: Superficialidade, sabemos que são poucos capítulos, e que a carga emocional pode ser crescente no desenvolvimento do enredo. Se esta for a proposta o livro pode atingir a expectativa criada.

        Outro ponto que incomodou foi o uso de nomes como William, Jack e Bruce para personagens brasileiros, algo que não é prejudicial, e sim, gosto pessoal, gostamos de nomes nacionais e valorização nacional. 

        A narrativa tem seus vícios - não há como negar e por sorte,  eles não parecem ser exatamente complexos de serem acertados. 

        Cartas para Jack  tem potencial, é uma proposta instigante a dois públicos diferentes (e dois públicos que consomem bem), seria trágico permitir a narrativa ser um óbice para o resultado final.   

        Uma vez que esta embora fluida, com uma proposta de ser cativante, se perde na continuidade, com mudanças bruscas no cenário e situações.

        O livro tem uma ideia legal e dá base para uma abordagem mais intensa. Resolvendo os problemas mencionados e mantendo a "pegada" de ser um drama com uma linguagem jovem sem ser superficial. Será uma ótima proposta para este nicho que está em uma crescente no mercado literário. Pensando em novos leitores que estão iniciando a trilha, um leitor mais voraz e crítico não terá a mesma aceitação.

Título: Cartas para Jack

Autor: Igor Horbach

Editora: Alarde

Ano: 2020

Páginas: 140

        Foi incrível realizar esta primeira impressão com a colaboração de três resenhistas do blog: Carol, Mari e Queds. Oportunidade única de troca de diferentes visões em um mesmo texto.

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