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Primeiras Impressões: Master Freak

Autora: Iapsa
Editora: Sekhmet
Ano: 2017

Após um acidente na fábrica onde trabalhava, Margot Küllon acaba sendo levada como escrava para um circo dos horrores moderno: um bordel de luxo onde todas as garotas têm alguma deformidade, e são forçadas a exibi-las no picadeiro para clientes que pagam fortunas para estar ali. Porém, algumas esquisitices são mais estranhas que outras: uma menina com múltiplos braços capaz de controlá-los e escondê-los dentro do corpo, super-força e habilidades físicas inimagináveis... E uma garota supostamente tele cinética, cujo nome e origem dos poderes todos desconhecem: a chamada Master Freak. Forçada a ser parte do freakshow e sem entender como tudo isso é possível, Margot precisa encontrar uma maneira de desvendar estes mistérios e escapar do bordel antes que seja tarde. O que ela não sabe é que fugir do freakshow será apenas o começo de uma aventura que mudará sua vida para sempre.


Logo nas primeiras páginas de Master Freak, conhecemos a jovem Margot, que mesmo debilitada, narra as suas sensações e suas últimas lembranças. 

Embora não tenha certeza do que aconteceu exatamente, Margot se recorda do incêndio na fábrica onde há poucos minutos trabalhava, lembra dos gritos e do pânico que se alastrara entre seus colegas, mas não faz ideia de como tudo começara.



Antes mesmo de chegar ao hospital, a protagonista revela ao leitor o seu passado, triste e solitário, graças a uma deformidade que traz nas costas desde seu nascimento, o que a faz sofrer todo tipo de preconceito, sendo vista até mesmo como uma aberração.

É no hospital que conhecemos Elysia Corellan, uma mulher misteriosa que se mostra interessada na jovem, e que chega a dizer, para desespero de Margot, que a comprara, tornando-a sua propriedade.

Nas mãos de Elysia, Margot segue para um destino incerto, levada a força para uma ilha, mais especificamente para Corellan House, cujo letreiro anuncia tratar-se de uma casa para shows de aberrações (Freakshow), surpreendendo a protagonista – e o leitor – com novos personagens com as mais inusitadas deformidades.

De gêmeas siamesas até garotas com mais pares de braços do que o normal, entre outras peculiaridades que encontra na Corellan House, Margot descobre não ser a única a sofrer por ser diferente, já que assim como ela, suas novas companheiras de quarto viveram sempre à margem da sociedade, tratadas quando não como objeto de curiosidade, com desprezo, sendo chamadas de “aberração”.

Wanda, a garota de seis braços, é a primeira a cativar a confiança de Margot, que apesar do desespero pela situação em que se encontra, almejando até mesmo retornar para as ruas de Detroit, onde nunca fora feliz, mas ao menos podia dizer-se “livre”.

Agora, Margot precisa aprender a conviver com as demais “aberrações” e preparar-se para o seu próprio show!


Com que outras deformidades Margot irá se deparar? Quem será Master Freak e qual será a relação dessa personagem com nossa protagonista? O que irão enfrentar na Corellan House e principalmente, depois de tantas experiências, o que a espera fora da casa de horrores? Essas são algumas – das muitas – perguntas que eu almejo a resposta.


Recebi as primeiras páginas da obra Master Freak como cortesia da Editora Sekhmet para compartilhar as minhas primeiras impressões sobre a mesma, e posso dizer que elas aguçaram a minha curiosidade em saber a continuidade dessa história.

A escrita da autora Iapsa é clara e fluída, o que possibilita uma leitura agradável. Os fatos narrados nas primeiras páginas cumprem o dever de prender o leitor, aguçando a sua curiosidade.

Gostei bastante da capa, e principalmente da diagramação, que somada à narrativa da autora, tem o efeito de te colocar dentro da história, em meio ao picadeiro de Corellan House.

Master Freak é um livro de horror e ficção científica, que traz ao longo das suas páginas não somente a curiosidade do homem por “assistir” outros seres humanos com deformidades e subjugá-los, tratando-os como inferiores e passíveis de serem tratados como objetos de exibição, mas também uma reflexão profunda sobre como pré-julgamos alguém apenas pela sua aparência, quando esta não se encaixa com o “padrão”, levando-nos a lembrar que elas podem conduzir qualquer pessoa a um julgamento equivocado de outrem, afinal, as aparências enganam – e muito!



Bônus
Entrevista


1.  O que te inspira a escrever?
Iapsa: Minha escrita tem muito a ver com meus sentimentos e experiências de vida. Eu crio as tramas e os personagens para mostrar o que sinto e o que vivi. Há um pouco de mim em tudo o que está nos meus livros, por isso mesmo eles são muito pessoais. Mas não é como se fosse particular, eu gosto de dividir isso com as pessoas, só que de uma forma com a qual consigo me fazer entender melhor do que simplesmente falando.

2. Quanto tempo aproximadamente você levou para escrever seu primeiro livro?
Iapsa: Bom, estou trabalhando no meu primeiro livro desde fevereiro de 2013, entre escrita, reescrita e revisão, e ele não está terminado ainda, hahaha. Mas com Master Freak não foi assim. Comecei a escrever Master Freak em agosto de 2015, trabalhei nele até o fim do ano, depois parei porque decidi trocar de faculdade. Voltei em outubro de 2016, e em um mês estava terminado. Foi um processo até em curto, se descontarmos o intervalo.

3.  Que temas aborda em seus livros?
Iapsa: Temas recorrentes em todas as minhas histórias são o drama psicológico e a perspectiva de que nosso mundo precisa mudar. Não que eu seja uma revolucionária socialista de extrema esquerda, hahahaha, na verdade, sou mais centro do que qualquer coisa. O que eu acho que precisa mudar no mundo não é o sistema financeiro, e sim a frieza e falta de capacidade de enxergar os outros como iguais que as pessoas têm hoje em dia. Em Master Freak, eu abordo isso de forma metaforizada, dialogando com o preconceito, estigmas da sociedade e como, na verdade, as “aberrações humanas” são aquelas de quem menos desconfiamos, e não as que parecem ser. E, é claro, abordando sempre como tudo isso impacta no psicológico dos personagens.

4.  Qual a história por trás das suas histórias?
Iapsa: Master Freak veio do sentimento que eu tinha de ser uma aberração no mundo. Eu me sentia diferente de todas as outras pessoas, fosse por ser sensível demais ou por meu estilo gótico, que eu até hoje tenho problemas para desenvolver por causa disso. Master Freak fala, entre outras coisas, sobre como sua diferença, o que te torna uma “aberração”, pode fazer de você uma pessoa especial. Eu ainda me sinto diferente de todos, mas hoje eu sei que isso é o que me torna especial. Mas demorei para perceber isso. Master Freak nasceu desse sentimento. Eu só misturei algumas coisas de sci-fi no meio e um terror para deixar mais interessante, hahahaha.

5. Você se sentiu incentivada para escrever e posteriormente publicar seus livros?
Iapsa: Minha escrita sempre dependeu muito de mim mesma, eu normalmente trabalho sozinha, então meu incentivo são meus sonhos relacionados aos livros. Se eu precisar citar alguém que me incentivou, contudo, essa pessoa seria o meu pai. Ele sempre me ajudou com os livros quando precisei, então devo um agradecimento a ele. Sem ele, Master Freak certamente não teria sido terminada, não porque faltasse incentivo, mas porque eu me enrolei toda em um determinado momento, e ele desatou o nó da minha mente com apenas algumas palavras após ler o que eu já tinha escrito. Então eu não sei o que seria dessa história sem ele.

6. Quais as maiores dificuldades que você enfrentou ao longo dessa caminhada (começar a escrever até publicar)?
Iapsa: Diferente do meu primeiro livro, que está em progresso há cinco anos e eu não duvido que ainda leve mais alguns, Master Freak teve uma estrada serena, por assim dizer. Minha única dificuldade foi, como eu disse antes, que me enrolei em um determinado momento da história, e não teria conseguido terminar sem a ajuda do meu pai. Embora não trabalhe com isso, ele é um ótimo leitor crítico.

7. Quais seus objetivos ao escrever um (ou mais) livros?
Iapsa: Eu tenho muitos sonhos com meus livros, mas acho que o objetivo principal é dividir meus sentimentos com as pessoas, e passar para elas o que eu penso. Lendo um livro meu ou ouvindo uma das minhas músicas (infelizmente não tenho nenhuma na internet ainda, mas com sorte terei em breve), você está vendo a mais verdadeira Iapsa. E isso é o que eu quero que as pessoas vejam.

8. Que conselhos daria a um aspirante a escritor?

Iapsa: Sonhe. É, simplesmente sonhe. Não se importe se são sonhos difíceis de alcançar ou se as pessoas vão dizer que você é louco; sonhos são o que nos faz levantar todos os dias e o que nos leva adiante. Uma vida sem sonhos é uma vida vazia.

Para maiores informações sobre o trabalho da escritora Iapsa: Fanpage da autora / Fanpage do livro / Blog@IapsaOfficial (Twitter) / @iapsa (Instagram)



Por Juliete Vasconcelos,
autora da trilogia O Ceifador de Anjos

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