Ter um livro publicado é o desejo de dez entre dez escritores
iniciantes. A autora Patrícia Morais publicou três livros no período de onze
meses e após fechar o contrato com a sua segunda editora, deixou o emprego no hospital. Vocês
não estão lendo uma história de ficção. Essa façanha aconteceu mesmo.
Mas não foi do dia para a noite que Patrícia também conseguiu uma
parceria com a A.B.L ( Associação Brasileira do Livro) e participou do
programa Sem Censura. Além de ter um vídeo gravado na Feira do Livro Cinelândia
com a #AltasHoras, veiculado no Programa de Serginho Groisman, na Rede Globo. A
escritora levou dois anos para conseguir fechar o seu primeiro contrato com uma
editora e ainda sofreu com o falecimento do seu pai.
“Foi
meio frenético ter três livros para divulgar sem ter experiência e ainda
enfrentando problemas particulares sérios como foi o falecimento do meu pai em
2016. Mas eu sou muito guerreira.” – afirma a escritora.
Patrícia lançou o seu primeiro livro “Após a
tragédia um recomeço”, que fala sobre as dores da perda de seu cachorro no
final de 2014. Um mês depois publicou “A vida que eu quero” onde através de uma
autobiografia mostra o ritmo alucinante de trabalho que as mulheres atuais
vivem.
Durante a
entrevista, A autora fala sobre os
desafios de conciliar a carreira de mãe, escritora e dona de casa, o projeto
“Vem ver meus livros” e a sua terceira obra: “Thalita Rebouças uma biografia
(ou duas)”.
“Quando quero fazer algo eu simplesmente faço. E faço com muito entusiasmo e dedicação.”
Literaleitura: Por
que você decidiu se tornar escritora?
Patrícia: Na
verdade não decidi, aconteceu. (risos) Nunca tinha pensado nisso antes. Sério,
nem imaginava que conseguiria escrever um livro. Mas foi maravilhoso que uma
ideia que surgiu do nada, como uma brincadeira, tenha dado frutos tão lindos,
divertidos, que preenchem todos os meus dias com muitas alegrias e que me
trouxeram tantas oportunidades novas e superbacanas como foi participar da
Bienal do Rio, do Programa Sem Censura, de diversas Feiras de Livros e
principalmente de conhecer tanta gente incrível por onde passo.
L: No seu
primeiro livro, “Após uma tragédia um recomeço”, você narrou a sua convivência
com o seu cachorro Nemo. Que as mudanças que ele fez na sua vida?
Patrícia: O
Nemo é um cachorro muito especial! Meu xodó eterno. (risos) Assim como a Sally,
a Dory e a Crazy, minha gatinha, hoje em dia também são. Depois que perdi minha
primeira cachorrinha em um trágico acidente, eu fiquei com uma ideia fixa de
que nunca mais teria animal de estimação algum, pois a dor da perda bate lá no
fundo da gente. Mas o Nemo me fez ver o quanto eu estava errada, o quanto
recomeçar uma nova história, com uma nova visão e com novas atitudes pode ser
gratificante e enriquecedor. Ele me transmitiu muito da sua doçura, da sua
alegria, da sua tolerância e paciência. (risos)
L:
Como você administrou a dor da perda e por que você quis relatar essas
experiências em um livro?
Patrícia:
Foram dias muito difíceis, mas que o tempo levou. Além de sofrer pela perda da
Pretinha, nossa cachorrinha, eu ainda sofria muito pela dor da minha filha e do
meu marido. Foi uma espécie de sofrimento triplicado. Então eu voltei minha atenção
para a minha família. Era só o que eu podia fazer.
Quanto
ao livro, não foi nada programado. Eu simplesmente levantei um dia do sofá,
após brigar com o controle remoto por não encontrar nada de interessante na
televisão, e falei: Nemo, Sally, a mamãe vai escrever um livro. Daí fui para o
notebook, a história surgiu. Eu me apaixonei perdidamente por ela e achei muito
justo dividi-la com o mundo. (risos)
L:
No seu segundo livro “A vida que eu quero” você aborda os desafios da
mulher moderna, que acumula diversas tarefas e acaba destruindo a sua própria
saúde . Por que você decidiu ajudar essas mulheres a encontrarem uma vida mais
feliz através de uma autobiografia?
Patrícia:
Porque eu sempre gostei dessa troca mágica de experiências entre as pessoas. E
sinceramente acho que muitos deveriam fazer mais isso, pois é incrível o quanto
a gente recebe de volta quando a gente passa algo bacana para os outros. Por
conta do meu “A vida que eu quero”, que foi selecionado pela APPAI, eu
participei da Bienal do Rio e já recebi várias mensagens de mulheres me
agradecendo pelo que escrevi, dizendo que minhas palavras serviram de
inspiração para suas vidas e isso não tem preço! Já chorei de emoção com vários
relatos e taí uma coisa que mexe comigo.
L:
Como você conheceu a escritora Thalita Rebouças?
Patrícia:
Através de suas obras que comprava para a minha filha.
L:
No livro Thalita Rebouças - Uma biografia (ou duas?!) você criou um
paralelo entre a sua vida, onde mostra os desafios de ser dona de casa, mãe e
escritora com a da própria escritora. A Thalita foi uma inspiração para você?
Patrícia:
Sim. Foi e é. Por conta dela venci muito da minha timidez, pois ela sempre fala
que para a gente conseguir o que deseja não pode ter vergonha. Que a gente precisa
ser cara dura, ir lá e pedir, mostrar nosso trabalho. No início, quando comecei
a visitar escolas para a divulgação do meu livro “Após uma tragédia um
recomeço” eu suava, tremia e quase não falava. Daí eu lembrava dos toques
dela e isso me ajudava de verdade. O que pode até parecer uma bobeira, mas na
verdade não é, pois se a gente ficar travado a gente não sai do lugar
literalmente. Precisamos mesmo trabalhar as nossas dificuldades e mostrar o que
fazemos para as pessoas se quisermos crescer, isso em qualquer área.
L:
Gostaríamos que você falasse sobre o seu projeto “Vem ver meus livros”.
Patrícia:
Um dia, após os meus livros já estarem lançados eu pensei: meu Deus eu tenho
que vender os meus livros e agora? Daí eu vi em uma postagem um escritor, que
infelizmente não me lembro do nome, com uma mesa no meio de uma movimentada
Avenida em São Paulo e pensei: bom, o lance vai ser esse! Então, comprei uma
mesa e fiz um banner enorme com o convite: Vem ver meus livros! E fui para as
praças da vida. (risos) E não é que as pessoas gostaram da ideia?! E foi assim
que consegui vender meus livros, que conheci muita gente bacana, que recebi
diversos convites para eventos, ganhei vários presentes, recebi poesias e saí
pela primeira e ainda única vez em uma matéria num jornal.
L:
Como conciliar a vida de mãe, dona de casa e escritora?
Patrícia:
Sabendo priorizar o que de fato precisa ser priorizado. É tudo na verdade um
grande jogo de escolhas. Quem souber escolher bem como vai passar o seu tempo,
vai ter uma vida mais leve e feliz. Não quero dizer que seja um “jogo” fácil,
mas sim necessário. Recentemente mesmo escolhi que não quero levar uma vida
virtual, que quero mais tempo livre pra ler, escrever, curtir minha casa e os
meus amores (família, filhotes e amigos) olho no olho, sabe? Então, reduzi o
meu tempo diário na internet drasticamente e estou mais feliz.
L:
Gostaríamos que você falasse sobre o seu primeiro livro infantil e como foi a
experiência de escrever para crianças.
Patrícia: O meu primeiro livro infantil “Deu sono!” é um doce de livro! E com
ele eu ainda tenho a oportunidade de tocar em um assunto que acho muito
importante que é o respeito, o carinho e o cuidado com os animais, mesmo os
pequenos como os passarinhos. Afinal eles não são criminosos para serem presos!
É muita injustiça e crueldade condenarem umas criaturinhas tão lindas, que
foram feitas para serem livres, a viverem em uma gaiola. A história é inspirada
em fatos reais e o lançamento foi adiado para o segundo semestre. Espero que as
crianças se apaixonem por ele tanto quanto eu. (risos)
L:
Qual o conselho você daria para escritores iniciantes que tentam publicar
o primeiro livro?
Patrícia: Leiam
muito, escrevam mais ainda e quando suas obras estiverem prontinhas, registrem
e arregacem as mangas em busca de uma publicação que pode ser por uma editora
ou de forma independente, mas façam do sonho uma realidade.
Para
saber mais sobre a escritora e comprar os seus livros acessem a home
page: http://www.patriciamorais.net/
Ana Cláudia Esquiávo é jornalista e escritora.
Olá Ana!
ResponderExcluirNossa, não conhecia essa escritora, mas realmente não é fácil publicar um livro, mas difícil ainda é entrar em contato com as editoras...
Fico feliz que ela tenha conseguido um retorno tão bom ^^
Bjos
http://www.kelenvasconcelos.com.br/